2.2.09

s/tiulo 2005





s/titulo 2005
Lucas Almeida e João Bento
Técnica:tInta da china e acrílico sobre cimento
Interveção plástica sobre silo do edificio Ceres- Caldas da Rainha
SILADA - exposição coléctiva
No âmbito da ESAD 2005 exposição coléctiva de Artes plásticas



Sinopse: Texto de Lino Romão

Trabalho sem titulo, realizado por Lucas Almeida e João Bento, de dimensões variáveis a tinta da china, patente num redondel de cerca de 6,5m de diâmetro, executado directamente na parede. O interesse pelo trabalho surge, desde logo, pelo lugar que ocupa na estrutura que acolhe a exposição – o edifício da ceres – já que se trata de um espaço forte do edifício por ser, talvez, o que mantém mais presente a antiga funcionalidade , uma vez que o tecto continua a apresentar um “funil”, em betão, de um dos silos. Este é claramente um trabalho “site specific” já que o funil é aproveitado para simular a saída da tinta que dá origem a esta espécie de “universo suspenso” e que depois se vai espalhando organicamente, aparentemente sem uma ordem sistemática que evolui espontaneamente. A partir do escorrimento do funil evolui uma mancha de tipo orgânico, inidentificável na maioria da superfície pintada, aparecendo, no entanto, quer figuras geométricas de dimensões variáveis, quer figura humanas de pequenas dimensões ;e cenas naturais que recuperam a representação de vulcões, montanhas, zonas aquáticas, etc., onde a escassez e pequenez da figura humana, na integralidade da obra e na relação com as restantes manchas sugere a fragilidade humana perante a natureza e o universo. A ideia de universo é múltipla e filiada num imaginário ficcional do território da banda desenhada, sobretudo na área da ficção que explora o onírico como linguagem e discurso, que sai reforçada pela predominância do fundo branco e pela ausência de um centro específico na obra que seja hierarquicamente mais importante que os demais.
A ausência de um centro é também sugerida pela dispersão aleatória de manchas negras e pelas suas formas diversas, que nos podem remeter para pontos de concentração de energia neste universo rizomático que tanto recebem como emanam fluxos de características diversas, evidenciados pelos diferentes tipos de traços e formas. Aparecem também neste trabalho três “caixas” douradas, em circunstâncias diferentes, que são os únicos elementos que contrariam a total ausência de construções humanas. Talvez existam conexões possíveis para a presença deste elemento três vezes repetido nesta pintura, já que uma se encontra a boiar numa superfície aquática – à deriva – e as outras duas são suportadas por pirâmides humanas, onde o esforço é visível pala desproporção de tamanho, simbolizando assim o esforço colectivo da humanidade para dominar a matéria; ou, pelo contrário, a alienação à necessidade, também humana, de produzir, afirmar ou alcançar bens materiais. Uma leitura isolada da figura humana presente na pintura rapidamente nos mostra a preponderância das situações colectivas sobre a representação individual, pelo que também se pode extrair daqui uma possível preocupação dos pintores em colocarem as questões de grupo, sociais ou colectivas, num plano superior de importância numa leitura integral da obra.

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